Lembrado pelo jornal de hoje do aniversário de um dos maiores gênios da música brasileira, presto minha singela homenagem com a definição feita por Dorival Caymmi para o CD Aldir Blanc - 50 Anos e com uma de minhas músicas favoritas:
"Aldir Blanc é compositor carioca. É poeta da vida, do amor, da cidade. É aquele que sabe como ninguém retratar o fato e o sonho. Traduz a malícia, a graça e a malandragem. (...) Estamos falando do Ourives do Palavreado. Estamos falando de poesia verdadeira. Todo mundo é carioca, mas Aldir Blanc é carioca mesmo."
Maçã TatuadaAldir Blanc e Moacyr LuzNuma esquina de Copa ficava parada,
alvejada pelas setas do vício,
e o início tinha sido divino:
um amante latino...
Sua boca vermelha, a maçã tatuada
sobre o ombro (a sombra de veludo),
a pele onde um homem que é nada
pensa que é capaz de tudo.
Entre o ouro e a miçanga ofegava a audácia,
entre a joalheria e a farmácia,
entre ser a nova estrela da Banda
e uma filha de Umbanda...
Toda vez que as pestanas castanhas batiam,
o olhar trocava mil slides:
na praia, na lambada,
com a amiga que já faleceu de Aids...
e na bolsa, quando ia ao toalette,
a gilete, o sempre-livre,
e o chiclete importado,
o velho exemplar do despertar de algum mago...
o apelido que não posso esquecer:
a Jezebel da Duvivier,
saiu assasinada na manchete,
entre a greve e os motins urbanos,
chamava-se Moema, era morena,
e tinha apenas treze anos.