segunda-feira, julho 31, 2006


As sombras podem esconder as melhores partes, mas pelas cores já podemos perceber o que nos espera.
Basta regularmos a exposição e o tempo para que vejamos luz onde a primeira vista só existia escuridão.

domingo, julho 30, 2006


Feira da Praça do O - Barra

Elevado do Joá
Mulher tocando choro no sax é algo sensacionalmente sexy.

sábado, julho 29, 2006


Copacabana numa manha qualquer de sexta-feira..
Jeito de abandono??

Como se abandono tivesse jeito... hehehe


Outono no Rio
Ed Motta

Me dê a mão
Vai amanhecer
Juntos pela madrugada
Luz, contra-luz
Sobre os Dois Irmãos
Pra mim

Há um lugar para ser feliz
Além de abril em Paris
Outono, outono no Rio

No seu olhar
Já se fez manhã
Vamos logo a Guanabara
Vai se fechar
Vou levar você
Pra mim

Então é outono....



.... época de renovar... mas sem perder o sol...

quinta-feira, julho 27, 2006

meu passado não fica guardado no armário, no escuro,
meu passado fica aberto, exposto, me ajudando a fazer meu futuro.
A melhor surpresa do dia: o ônibus do condomínio desviando o caminho e eu podendo ver o sol nascendo em cima da Lagoa.
Um detalhe da nova legislação cambial (que possibilita às empresas não internarem parte dos dólares recebidos no exterior e que serão usados para quitação de débitos também no exterior) que passou despercebida por todos os jornais: É mais uma atitude Robin Hoodiana do Estado brasileiro. As empresas deixam de pagar CPMF nestas operações... e como estas operações serão feitas basicamente por grandes empresas, é o Estado brasileiro tomando mais dos menos favorecidos...

Esta injusta tributação é inerente a um Estado enorme como o brasileiro, com o lobby dos mais ricos tendo maior poder (já que maior é o Estado). Se somada às outras benesses tributárias (todas, invariavelmente, beneficiando empresas e cidadãos mais favorecidos), explicam parte dos problemas brasileiros, por evidenciar a forma como as decisões se dão no país.
left is right and right is wrong and left is wrong and right is right
(nome de uma instalação do Moma cuja melhor parte é o próprio nome)

quarta-feira, julho 26, 2006


Nem tudo é o que parece ser...
A poesia é a grande ajuda no mar da solidão. Ou não.

terça-feira, julho 25, 2006


Yes, we´ve got bananas!!
"É muito importante que haja mudança da política econômica, com redução de juros. O juro alto, o câmbio baixo e problemas na exportação afetam a indústria. Defendemos que o BNDES esteja à frente das negociações para financiamento de linha de exportação, mas não robotização, porque também reduz emprego", Heloísa Helena, no Valor de hoje.

A pergunta que não quer calar: então a esquerda é contra a tecnologia, mas a favor do financiamento público, subsidiado pelos trabalhadores (recursos do FAT), de um dos setores mais beneficiados por benesses tributárias (setor automotivo), formado exclusivamente por empresas multinacionais, que não tem a menor vergonha de externar todo e qualquer lucro para o país sede (sendo que muitas dessas montadoras não conseguem nem mesmo atingir lucro operacional no país de origem, o que já elimina o argumento de que o câmbio é gerador de prejuízos)????

Deixando bem claro: eu não sou contra presença multinacional no país, nem contra a externalização do lucro. Mas minhas idéias todas têm um mínimo de coerência.

segunda-feira, julho 24, 2006


Feira da Praca do O - Barra da Tijuca - Jul-06

domingo, julho 23, 2006


I´ve got the world under my feet
Valsinha
Vinícius de Moraes e Chico Buarque

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a a só num canto, para seu grande espanto convidou-a pra rodar
Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
E lá dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que todo mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

sexta-feira, julho 21, 2006

E por ti, como fica claro a cada palavra que me sai, vou perdendo absolutamente a minha consciência.
Meu pudor, este já se tinha ido.
Meia vida passada, toda vida perdida.
Emoções contidas. Vontades reprimidas. Rápidas partidas. Abertas feridas.
Bruschetta e vinho

o pão feito na hora
molho vermelho curtido do tempo
os dois e um bom vinho
perfeito casamento
Viajando

Antes
a sensação era esta:
o trem passava, passava
levando outros
numa estranha direção
e eu, desatento,
fingia não ver o trem
e brincava
- na estação.

Agora
é esta a sensação:
estou no trem
que passa rápido demais
e da janela espio os desatentos
brincando
como se não fossem embarcar jamais
e, no entanto, vão.

Affonso Romano de Sant´Anna, O lado esquerdo do meu peito

O que me atrai em seus poemas é a estranha sensação (provavelmente só minha) de que todas as palavras são contadas. Os versos quebrados me lembram a matemática (pela qual eu não nutro amor especial algum).
A paixão não é química,
A paixão é mímica.

terça-feira, julho 18, 2006

se tudo que eu falo, resvala
se até quando sinto, eu minto
se logo que registro, é farsa
mas sempre que eu quero, impero
impera a farsa que eu minto e resvala

segunda-feira, julho 17, 2006





Me and my sweetie playing around

domingo, julho 16, 2006

Ode ao Inverno

















Risos inebriados pelo vinho que ainda ecoam pela sala, cheiros ainda sentidos (especialmente o tomate com manjericão), amizades nascidas e aumentadas, abaixo do tapete de estrelas do céu... Do que o inverno tem de bom, essas são as coisas melhores.

sábado, julho 15, 2006

Ao contrário da luz, que com fotômetro podemos corrigir, quanto maior o amor, menos escolhas temos para agir.
Nunca foi a falta de mim mesmo gostar. Não era a necessidade física de sair. Sempre foi a falta do amor que me faria querer ficar.
Classificar só como liberação de enzimas, endorfinas, é pouco. Classificar é pouco.

Na época em que o medo do sentimento predomina e a droga do falso amor funciona, eu proclamo: só o verdadeiro amor soluciona.
Será que existe o sentimento acima de tudo? Se existir, será que é puro? Ou seria o incondicional o reflexo do medo anormal?
O suposto olhar de cima da vida, como se em um mirante, tentando se auto-enganar, como se fosse possível refletir a cada instante. Os preceitos jogados, possibilidades contadas onde a matemática não ousa entrar, onde qualquer lógica só faz atrapalhar, onde os números aumentam a chance de errar. Esse olhar do alto, fingido sabido, é tentativa de explicar a emoção esperada e não sentida. Afinal, é mais fácil a justificativa racional.
Olhos abertos, mente fechada. Falsa certeza que não dá em nada.
De todos os conceitos, o preconceito é o maior.

quinta-feira, julho 13, 2006

O frescobol dos namorados
Felipe Moura Brasil (Pim)

Juntam-se as mulheres nos salões de beleza para fazer, entre outras feminilidades, chapinha, escova, escova progressiva, hidratação, francesinha, limpeza de pele, depilação de perna, meia perna, axila, buço, sobrancelha, e, como se sabe, para falar mal dos homens – invariavelmente os seus. Basta que uma quebre o ritual, dizendo algo como “Queria deixar o cabelo curtinho, mas meu marido não gosta” para ser pejorativa e instantaneamente taxada de submissa pelas demais: “Você trabalha fora?”, perguntam elas, insinuando que a submissão, digamos, capilar só seria justificável em caso de dependência financeira. (“Sim, mas eu sou ‘Amélia’ mesmo”, responderia sem a menor vaidade a mulher dos meus sonhos).

Quando vão juntas ao banheiro (no mundo inteiro elas vão juntas ao banheiro – já escrevi sobre isso de Madri), se uma admite não ter vindo com determinado vestido só porque seu dele decote gera ciúmes no namorado, aí é caso de internação espiritual urgente para exorcizar o vestígio escravo da vida pregressa. Nem sob argumentos de ter dito a ele que então usaria o vestido decotado quando estivesse sozinha, e portanto “pior pra você”, toma-se por declarada a alforria. Mulher não pode ter dó, deve ser senhora de si, e “si” inclui seus cabelos e seus vestidos decotados – fim. De nada valerá a discussão sanitária: para quem saiu de casa, ganhou o mercado de trabalho e se emancipou, agora é retroceder nunca, render-se jamais. Ainda mais se o namorado se recusar a fazer companhia no dentista, jamais ter levado um café-da-manhã na cama, e gostar de provocar amigas e vendedoras de loja em sua frente, bem como de maldizer a dita-cuja no chope depois da pelada. Prato cheio para a competição.

Eis, pois, os cônjuges modernos, aqueles que namoram “contra” o outro. (Há também os que namoram “com” o outro, mas estes são os cônjuges analfabetos, pois, como bem sabe o leitor, namora-se alguém e não “com” alguém). Deve ser culpa da economia, do mercado de trabalho, das grandes empresas, o sujeito passa o dia inteiro tentando ser melhor que o vizinho de mesa e, à noite, no embalo, quer ser melhor que a mulher. E ela, por sua vez, de tão historicamente bem-sucedida, não só não o aceita como provedor como também faz vista grossa ao cargo secundário de “acompanhante”, de modo que eles se tornam dois típicos adolescentes incapazes por exemplo de elogiar o outro, com medo de deixá-lo metido. Como se sabe, os homens são cafajestes e as mulheres são “confusas”, então nada de encher a bola ou se entregar demais, e não interessa se você assumiu um compromisso ou não, o importante é colecionar motivos para não sofrer em caso de derrota.

“O amor infiel não é o amor livre: é o amor esquecidiço, o amor renegado, o amor que esquece ou detesta o que amou e que, portanto, se esquece ou se detesta” (André Comte-Sponville, “Pequeno tratado das grandes virtudes”). Não se trata de trair, e muito menos de viver o tal amor livre, cuja diferença é a dispensa prévia e ao menos honesta da exclusividade corporal - nada disso. Na verdade quem namora “contra” busca menos a infidelidade do que uma proteção contra ela, seja no ódio, no esquecimento, ou na simulação dos dois diante dos amigos, e muitas vezes recorre ao ataque como a melhor defesa para a “dor de corno”. É a vingança antecipada com a qual se alimenta o rancor. “Ah, o martírio dos amantes, que não se acreditam, que não se confiam, que não tem senão um cárcere de medos, onde afogam o sentimento espiritualíssimo da carne” (Antônio Maria, “Canção modal do homem que chama sua amada”, publicada na véspera do Dia dos Namorados de 1960).

Se perdurarem juntos (e há alguns que agüentam, notadamente aqueles que insistem em enxergar no outro o que este poderia ser, deixando-se guiar pelo potencial, muito embora em vez de educá-lo como cônjuge prefira sempre maldizê-lo em público, e aqueles que, por simples insegurança masoquista, temem não encontrar coisa melhor: na maioria das vezes, aliás, os dois casos se fundem), mas se perdurarem juntos, eu dizia, eles hão de competir um dia também pelo carinho do filho, seguramente a personificação da rivalidade mal resolvida dos pais e quiçá um louco varrido, desses que escutam música eletrônica em casa, que com sorte lhes fará notar, entre uma porção de remorsos, o quão produtivo e até prazeroso teria sido senão fazer companhia no dentista, levar café-da-manhã na cama e cortar o cabelo como o outro queria, ao menos saber que em jogo de frescobol não existe vencedor...

Nota de rodapé no embalo: Por falar em Antônio Maria, reproduzo aqui outro memorável trecho de sua deliciosa obra cronicada (organizada há poucos anos, aliás, por Joaquim Ferreira dos Santos no livro “Benditas sejam as moças”), para que se identifiquem, e quem sabe riam, tanto os casados como os solteiros que acumulam num silêncio angustiado seu “cárcere de medos”: “Eu, como sempre brilhante naquilo que irei dizer e em tudo que poderia ter dito, na hora de falar, não disse coisa nenhuma”.

No Tribuneiros.com

quarta-feira, julho 12, 2006


Lagoa - Rio de Janeiro - Julho de 2006

domingo, julho 09, 2006


Hapiness is out there
não os seus olhos
mas seu olhar
não suas pernas enormes
mas seu andar
não seus cabelos sedosos
mas seu pentear
não suas mãos pequenas
mas seu acariciar
não sua barriga sequinha (barriga??)
mas ela mexendo ao respirar
não sua voz que alucina
mas seu falar
não tua boca sensual
mas teu beijar
não sua inteligência, que sobra
mas seu pensar
Era uma casa antiga, com janelões de madeira pesados. Estavam sempre abertos no começo, deixando entrar de fora sons e luzes. E quando vinha a tempestade e seus ventos fortes, batiam as madeiras umas contra as outras, em movimentos bruscos e barulhentos. Amedrontadores e confortantes (a valorização da segurança oferecida pela casa). A chuva que passava entre as batidas das janelas molhava o chão da casa. Mas nada que o sol do outro dia não secasse. As janelas continuavam sempre abertas. Até que um dia, não se sabe se de sol ou chuva, elas emperraram fechadas. E assim ficaram, sem que ninguém pudesse consertar. Se faltou empenho ou vontade, não se pode afirmar, mas as janelas não se abriam mais. Até que numa noite de céu estrelado, uma brisa muito leve soprou abertas as janelas, trazendo as infinitas luzes da noite para dentro da casa, junto com a brisa. E o sol do dia seguinte saudava o chão da sala, enquanto as madeiras do assoalho, como se espreguiçando ou mostrando a alegria de volta, estalavam.

segunda-feira, julho 03, 2006

quando olhei
nem percebeu
quando me quis
quem não queria era eu

quando enfim
ao mesmo tempo
quisemos
fim

Lagoa - Rio de Janeiro - Julho de 2006 - Foto por Gustavo
O desconcerto mental que cada palavra que diz me causa.
Pausa.
O rearranjo emocional que de intenso chega a me enjoar.
Respirar.
O desfoco que de tudo que não é você em mais que só na minha retina.
Realinha.
A insegurança inerente à evidente certeza da falta opção.
Reação.

domingo, julho 02, 2006


Lagoa - Rio de Janeiro - Julho de 2006 - Foto por Gustavo