sábado, novembro 26, 2005

A chuva que caia e no vidro ficava, distorcia minha visão e embaçava o pensamento. Fora de foco, como tudo fica quando não faço de você a prioridade que me é.

quarta-feira, novembro 23, 2005


Catete - Rio de Janeiro - Setembro de 2005 - Foto por Gustavo

domingo, novembro 20, 2005

A preguiça da lua cheia em minguar. As nuvens bailando noite afora, tendo a mesma lua como par. Músicas e letras em perfeita comunhão com os instrumentos e artistas, e todos em total harmonia com a platéia. E a pista de dança que no alto da cidade, dava a sensação de em cima dela estarmos a dançar.
Los Hermanos - Oi Noites Cariocas. Porque o Rio continua lindo, ainda mais de longe. E nem o péssimo serviço do local foi capaz de estragar.
Você Não Ouviu
Chico Buarque

Você não ouviu
O samba que eu lhe trouxe
Ai, eu lhe tourxe rosas
Ai, eu lhe trouxe um doce
As rosas vão murchando
E o que era doce acabou-se

Você me desconserta
Pensa que está certa
Porém não se iluda
No fim do mês, quando o dinheiro aperta
Você corre esperta
E vem pedir ajuda
Eu lhe procuro, mas você se esconde
Não me diz aonde
Nem quer ver seu filho
No fim do mês é que você responde
E no primeiro bonde
Vem pedir auxílio

Você diz que minha rosa é frágil
Que o meu samba é plágio
E é só lugar comum
No fim do mês sei que você vem ágil
Passa um curto estágio
E eu fico sem nenhum
A sua dança vai durar enquanto
Você tem encanto
E não tem solidão
No fim da festa há de escutar meu canto
E vir correndo em pranto
Me pedir perdão (ou não?)

segunda-feira, novembro 14, 2005



Palacio da Republica - Catete - Rio de Janeiro - Setembro de 2005 - Foto por Gustavo
Sem você eu me perco e com você eu não me acho.
Paixão é turva lucidez.
A tensão de sua proximidade cada vez maior me impede de qualquer pensamento coerente.
Largado, às traças jogado. A-B-A-N-D-O-N-A-D-O. Como, para de quem só a felicidade vos traz, sois capazes de deixar. Em busca de algo fácil. O fim do pensar. Preguiça sentimental. Medo de amar.

Catete - Rio de Janeiro - Setembro de 2005 - Foto por Gustavo

Nesta noite, ao chegar em casa, abra a janela e deixe a lua entrar. Se não conseguir vê-la, vá para a rua e procure-a até achar. Repare na beleza das nuvens negras da noite com a luz da lua cheia a se encontrar. Então, ainda de frente para ela, com a calma de quem sabe da proximidade da pessoa amada mesmo sem vê-la, feche os olhos, e sinta a brisa quase fria do fim de primavera bater.
O silêncio da noite escura, quebrado por sua voz, pelos tons da canção a passear. O que mais gostava, era o som de seus lábios parcialmente úmidos a se separar. O barulho quase silencioso que, como se com vergonha de existir, só no escuro faz-se ouvir.

domingo, novembro 06, 2005


Palacio da Republica - Catete - Rio de Janeiro - Setembro de 2005 - Foto por Gustavo
Lembrou-se do momento exato em que se apaixonara. Desde então, tudo dera certo. Até o errado. Os fracassos (que não foram muitos) tinham gosto doce de seu conforto. Seus olhos brilharam de um modo diferente. Talvez sua música favorita a tocar, ou o tempo pouco que estavam juntos já trouxera alguma lembrança. Achava mesmo que era o amor que chegava. Quando ela olhou-o então, o brilho de seus olhos o hipnotizaram. O amor fez-se todo presente em um relance. E nunca mais se foi.

Sitio Burle Marx - Rio de Janeiro - Setembro de 2005 - Foto por Gustavo
Deve ter visto quando passava. A porta entreaberta que havia deixado (ou deixei eu?). Não hesitou um minuto sequer. Com força, jeito, talvez até raiva, chutou, empurrou. Forçou e abriu. Riu, viu, falou, gostou. Sem se dar conta, sem se importar (ou achando talvez que não importava - ledo engano) brincou e trouxe de volta minha esperança, que havia muito já estava jogada num canto, marginal à minha vida. Sem aviso, saiu. As luzes permaneceram acesas. A porta, arreganhada. Todo rebuliço, toda esperança de volta. Para nada.

Sitio Burle Marx - Rio de Janeiro - Setembro de 2005 - Foto por Gustavo
Como de tão longe faz tanta onda em minha vida? Será sua infelicidade, escolha sua, um fardo meu?
“Este é um tribunal político, pois todos nós somos políticos” Eros Grau, ministro do STF.
Deve estar querendo trocar as propinas pelo mensalão.
O estado do Rio cresce cada vez menos e depende do petróleo cada vez mais. As mazelas aumentam. São os anos Garotinho trazendo a conta, que pagaremos todos. Com juros e correção monetária.
CUSPINDO O GIM VITÓRIA
Reinaldo Azevedo - O Globo - 05/11/2005

Os vampiros morais do stalinismo estão inquietos. O atavismo lhes assanha a sede. Os cadáveres adiados querem sangue. Alguns exibem seu passado de resistência ao regime militar, omitindo, é claro, que ambicionavam a sua própria ditadura. Já que não conseguiram, pedem indenização ao “Estado burguês” como um galardão para o seu fracasso. Outros estão naquela quadra em que só conseguem emprego praticando sectarismo oficialista. E há os que exibem a sua madura sapiência contra esses moços, pobres moços!, que ainda não sabem o que eles julgam saber. Como se burrice não ficasse velha. Como se canalhas não encanecessem.

Repito Antero de Quental: a tolice num velho me incomoda tanto quanto a gravidade numa criança. Cito a frase com desconforto porque o jovem poeta português a empregou contra Castilho, um monumento da poesia —- e, sobretudo, da tradução, dada a época —- portuguesa. Os de agora, de Castilho, não têm nem a cegueira física. Não enxergam, mas sua cegueira é ética.
Até quinta passada, a corriola stalinista, recebendo o “ouro do PT”, estava assanhadíssima e seguia à risca o roteiro que denunciava “a conspiração da direita” contra Lula, o comandante deste governo honrado. E a prova que exibiam as fuinhas da reputação alheia era um juízo de valor: o PSDB e o PFL criticariam o PT não porque mais morais, mas porque ambicionam o seu lugar para roubar a salvo.

Deve ser uma tragédia ficar só com a pior parte da maturidade. Ah, se eu pudesse, aos 44, conservar os cabelos dos 20 com o que há hoje por baixo do que deles me resta! A idade, esta pantera!, levou-me a cabeleira, pôs-me alguns sulcos, ainda leves, nas faces, mas me conferiu um férreo apreço pela lógica, não me deixou perder o bonde. Ainda que fosse aquela a motivação dos adversários de Lula, seriam outros os crimes do PT? A natureza, a vocação e a qualidade dos que se opõem à delinqüência confessa santificam ou perdoam o mal?

Chegamos àquele ponto da trajetória que divide, sim, os partidários da herança comunista e liberal. Em 1934, André Gide participa, sob os auspícios e o patrocínio de Jdanov (o ministro da Cultura da URSS que Graciliano Ramos achava “uma besta”), do Primeiro Congresso dos Escritores Soviéticos. André Malraux e Louis Aragon também foram. Só Gide saiu atirando e acusou o horror que presenciou. Escreveu um livro sobre a experiência, “Retour de l’URSS”, em que desanca o regime. A esquerda passou a satanizá-lo, o que não é prova, mas é indício do bom caráter da vítima. Malraux integrava a lista de intelectuais comunistas saudados como heróis. Teve o descaramento de dizer que os Processos de Moscou não maculavam a essência humana do socialismo. Era um espião.

Acusar os crimes de Stalin, para a intelligentsia comunista, correspondia a fazer o jogo do imperialismo. O PC do B de Aldo Rebelo acredita nisso até hoje. Os que ousavam alguma crítica viam, no máximo, um desvio de princípio, jamais admitindo o cerne criminoso de um regime que rejeita, por dispensáveis, as liberdades públicas e antepõe os interesses coletivos — definidos pelo partido, é claro — aos individuais. Esse entulho baixou na imprensa nativa. Querem ver em Lula o Getúlio acuado de 1954 — pelo qual, de resto, não tenho a menor simpatia — ou o João Goulart de 1964, o que até faz algum sentido: o petista também é um baderneiro. A palavra de ordem é cassar e caçar “a direita”. A ordem é botar a boca no trombone para intimidar e calar os adversários. O desavisado poderia julgar que essa tal “direita” seria composta, sei lá, por banqueiros. Mas por que um banqueiro teria interesse em depor Lula?

Na quinta-feira, veio à luz a evidência nua, crua, inequívoca, de que o “PTduto” foi irrigado com dinheiro público, de que os empréstimos são uma falácia, de que o caixa dois era só o crime menor, inventado por um jurista esperto, para esconder um crime maior. Não, senhores! O problema do PT não está só no que esconde em caixas de rum, Red Label e Black Label. O problema do PT está no gim Vitória que queria que engolíssemos.

E a democracia decidiu cuspi-lo.
Da capa do Globo de hoje: "Lula rejeita nova denúncia contra BB"
Nada como o amor à democracia, cada vez mais claramente demonstrado pelo PT.

quarta-feira, novembro 02, 2005

"Monotonia? Tiroteio diariamente das 18:00 às 20:00 e das 00:00 às 06:00 horas. Mande um email e participe!" - Faixa de protesto de moradores de um condomínio de mansões na Av. Niemeyer.
A soma das partes muito maior que o todo. É o Catete desacreditando a matemática.
John Pizzarelli Meets The Beatles - O rock encontra o jazz.
Crash (o filme) - Um soco no estômago.

S�tio Burle Marx - Rio de Janeiro - Setembro de 2005 - Foto por Gustavo