sexta-feira, maio 13, 2005

Sua beleza singela me chamou a atenção desde o primeiro dia. Seu calmo sorrir. Não, não foi paixão à primeira vista. Nem à segunda. Sua presença em meu dia era breve e freqüente. Mas meu interesse era quase racional. Então por motivos alheios ao desejo, deu-se nossa conversa ao telefone. Assuntos profissionais foram tratados. Fez-se necessário um tempo em espera. Continuamos na linha. Conversas pessoais surgiram, sempre inocentes. E você pôs-se a responder alguma pergunta minha sem importância. No meio de sua primeira frase eu me perdi. A suavidade de sua voz penetrou-me. Não mais reparava no que dizia, mas em como o fazia. As vogais alongadas ao final de cada palavra. A seriedade da entonação, como se escondendo uma meiguice que parecia não querer se esconder. Até hoje não lembro de palavra alguma dita por você naquele dia, mas não esqueço de como entonou cada uma delas. Foi assim, pelo telefone, dizendo coisas que não sei, que o racional tornou-se passional e o quase banal tornou-se essencial.