quarta-feira, maio 03, 2006

A imagem de seu sorriso primeiro ainda se debate em meu pensamento, como se quisesse saltar do turbilhão confuso que hoje me resta. Como se precisasse. Em meio a toda essa bagunça, você era minha bóia. Mantinha-me vivo, com a cabeça acima do nível d´água, respirando. E quando do sorriso veio o beijo, suave no início, incontido depois, intenso sempre, me vi flutuar, alheio àquela desordenada realidade. Inebriado. E de longe, tudo fazia sentido. Tudo se encaixava em uma seqüência perfeita, irrepreensível, como você. Até que cansei. Não da perfeição, mas do estado em que estava. Não da felicidade extrema que me causava, mas da angústia, parte principal da prisão que o medo imenso de te perder me causava. Não conseguia me libertar de forma alguma destas grades que em meio à perfeição eu me criava. E o cansaço levou ao desespero. Semelhante aquele sentido pela fome não satisfeita há dias. Por medo joguei tudo para o alto. Decisão estúpida que te tomou de assalto. A angústia minha transformou-se em miséria nossa, talvez o único nosso que restava. A aflição passou. O turbilhão voltou. A infelicidade se instalou. É muito mais fácil aceitar a miséria definitiva que a felicidade talvez efêmera.